terça-feira, 2 de novembro de 2010

Lágrimas

Quisera poder chorar até a dor sumir,
Até fechar os olhos, até poder sorrir.
Quisera poder sonhar até voar praí,
Até poder abraçar, até poder sentir.

Quisera poder juntar as cidades,
Até a hora passar, até não sentir saudades.
Quisera poder fazer a distância acabar,
Até parar de sofrer, até poder voltar.

Quisera não haver tempo,
Até a chuva parar, Até acalmar meu pensamento.
Quisera poder fugir,Até poder correr,
Até livrar de si.

Quisera poder acabar com a solidão,
Até poder para de ouvir o silêncio,
Até pegar sua mão.
Quisera poder chorar, até conseguir dormir,
Até a dor passar,
E o sonho te trazer pra mim.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Para a liberdade


...
Hoje, se deixa voar
Ir como vento
E nesse momento
Se faz livre,
Com a intensidade
E satisfação
De quem finalmente vive.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Eu vi e eram flores

Me dá uma boa notícia,
Assim de primeira mão.
Diz que eu vou lhe ter
Na próxima estação.
Mês que vem não demora
E a essa mesma hora
São os seus olhos que eu quero ver
Olhando de volta pra mim
E enfim, vou estar em casa.
Por isso vem, me abraça
Me dá carinho
E pelo visto lhe levo comigo,
lhe levo por esse meu caminho
De flor,
Pra plantar amor
Aí em você
E depois me deixa saber
Se quando de novo me for
Posso levar comigo o seu perfume
Pra lembrar que não estou imune
De em qualquer lugar, 
De novo, lhe encontrar. 

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Romance




Passa rápido,
Passa tempo.
Vai e deixa passar.
Deixa que eu fique
Pra te ouvir cantar.
Pra me libertar.
Flutuar.
E correr.
Praí, pra pertinho de você.
Pra não sair
Pra sorrir e lembrar
De pedir ao tempo,
Dizer pra ele ficar.
Por isso para um pouco,
Para tempo.
Pra eu guardar esse momento:
Era primavera quando te conheci.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Falta mais


Vai voando pensamento
E nesse tempo me leva pra longe.
Me faz fechar os olhos pra não pensar.
Pra imaginar
Que a distância não passa de brincadeira.
Mas que besteira.
Se os meus pés tão aqui,
Mas se daí não sai o meu coração,
Daí de perto de você.
Porque me faz falta,
Faz tanta falta te ter.
Lá fora o sol se faz lindo
E sorrindo
Me lembra que não é só a tristeza
Que bate aqui dentro.
Por isso voa,
Voa meu pensamento.
E nesse momento me leva pra lá.
Porque Você bem sabe onde eu quero estar.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Post-it

Invade.
E já que invadiu, fica aqui.
Mas se precisares ir
Deixas tuas palavras
Pra me fazerem companhia.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Mais uma rima barata


Pra você saber o que sinto
Vai ter que chegar mais perto.
De certo precisará abrir bem os ouvidos
E o coração.
Ah essa não!
Você falaria que
Bom mesmo é sentir o frio na barriga.
E acredite:
Há quem diga que nunca sentiu.
Mas você?
Você prefere a surpresa.
Que é pra ver a beleza
Nos olhos brilhando.
E eu fico imaginando:
O que você pensaria dessa minha
Vida planejada?
Acho que nada.
Você ficaria sentado na cadeira do canto,
Rindo daquela minha
Cara de espanto
Da sua total falta de opinião.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Mudando de assunto

Sou eu.
A mesma de ontem.
Amanhã eu já não sei.
Estou de mudança.
Coloquei-me na mala.
Vou deixando pra trás
Momentos tão cheios de mim.
O vazio vai ser preenchido
Agora de silêncio e lembrança.
Vou levando comigo
Histórias tão sem graça
Quanto às piadas que eu mesma
Cansei de contar.
Mas me acompanha também
Uma vontade gigante
De seguir caminhando
Deixando o vento me levar
De lá pra aqui,
Daqui para lá.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Novidade


De novo?
Já não tenho nada.
Trago pra contar só o de ontem.
De você já não sei mais.
E o não ter notícias é tão difícil
Quanto esperar por elas.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Escuta aqui

Esse é um recado curto
E não espera retorno.
Nem é pra saber de você.
É pra falar de mim.
Pra lhe dizer que venha
Recolher meus cacos.
Foi só isso que restou
Depois que você bateu a porta.
O lugar é o de sempre.
Quem mudou fui eu.
Porque cansei de ser
Poesia qualquer
Assinada por você.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Canção para Lígia


Vejo a Lua sorrir feito criança
Em seu sorriso meu peito descansa
Das palavras tuas, ingrata lembrança
Que tenho de ti.

Já não quero sorrir ou tentar
Te trazer de volta, pra embalar
As muitas letras que tento cantar
Que canto pra ti.

Mas o sentimento aqui presente
Não traduz tristeza somente
Te traz em saudade e nem tente
Dizer que não sinto por ti.

E todos dizem que levarei comigo onde for
Que por mais que mereça,
Não se esquece um amor.
Não quando é feito de lágrimas e riso
E escuta o que eu digo:
Já não sei se me quero sem ti.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Meu plano

Me parece obvia a solução:
Ver minhas palavras transformadas
Em notas da sua canção.
Faz desse momento eterno.
Imensidão.
De céu azul,
Perfume de flor,
De pé no chão.
Me entrega teu sorriso
Deixa eu cuidar
Dele e ti.
Entrega a chave,
Me deixa entrar.
Fecho os olhos,
Prometo não reparar,
Na bagunça que fizeram.
Aliás,
Se você quiser
Eu posso arrumar.
Mas não garanto
Meio que sem querer,
Deixar uma parte de mim
Aí em você.
Daí pode decidir depois
Se por onde você ta indo
Podemos ir nós dois.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

E fim

Será que dá pra recomeçar do fim?
Fazer da parede um mosaico
Com fotos que rasguei?
Transformar meu rancor
De volta no teu abraço protetor?
Fazer do meu silêncio,
Aquela música preferida
E da minha lágrima,
Sua risada mais bonita?
Estamos remendados.
Agora já não posso fazer nada.
Vou deixa o céu se fazer noite,
Negra e estrelada.
E esperar a tristeza.
Mas uma hora dessas o sol vai chegar.
O pior mesmo é saber
E é exatamente aí que
Eu não vou ter mais nada de você.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Por falar em mim

Escrevo por inspirar.
Pra respirar.
Pra ser.

Eu escrevo para a liberdade.
Para ir além daqui.
Pra sair de mim.

Eu escrevo pro dia-a-dia.
Pra distrair.
Pra expor, pra me expor.

Escrevo, o que pra mim é natural
(Tudo culpa de Clarice e João Cabral).
Eu escrevo também pra falar.
Pra provar que não sei rimar.

Eu escrevo errado e às vezes acerto.
Mas eu não escrevo pra acertar.
Eu escrevo pra tentar falar de amor,
Pra parecer um pouco brega.
Eu escrevo pra ler e rir depois.

Escrevo pra não ter distância.
Pra não existir tempo.
Pra me sentir perto.

Escrevo pra ser primeira pessoa do plural.
Pra lhe conhecer
E pra deixar que me conheça também.

Escrevo de olhos fechados.
A mente aberta, como tela em branco.
Vendo cores em palavras,
Deixo-me correr pelo papel.
Vou pintando.
Vou escrevendo.

Escrevo pra que minhas cores,
Não sejam mais minhas.
Eu escrevo porque espero
Que elas também possam colorir você.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Pra lembrar da praia


Vai.
Mas deixa voltar.
Volta pra mim.
Vem feito de mar,
Em forma de onda.
Vem me encontrar.

Vai.
Mas deixa ser.
Deixa que eu seja.
Água do mar que toca você.
Se faz de silêncio,
Mas me deixa lhe ouvir
Me faz ser canção
Dentro de ti.

Vai.
Mas deixa ter.
Flores em mim,
Que vejo em você.
Mas me deixa ser flor também,
Pra plantar amor,
Pra te invadir,
Encher de cor.

Vai.
Não se deixa ficar.
Me faz ser sozinha,
Deixa que enfim seja o fim.
Não me faz esperar.
E de uma vez,

Vai.
Sabendo que vou lhe pedir
Lhe pedir pra voltar.
Pra que venha como onda,
Me beijar como mar.

terça-feira, 16 de março de 2010

Náufrago

Se você não fala, o problema não vai embora.
Já dizia Alceu: ‘A solidão é fera’.
E é mesmo.
Chega já dilacerando o coração.
Não pede licença, não avisa.
Chega.
Quando se vê já tá ali, machucando a alma.
Estar sozinho não é apenas não ter alguém.
A solidão é um estado de espírito,
Que nada tem haver com querer sentir,
Ou gostar da falta que a presença faz.
A solidão é ilha.
É mar que devora.
É areia escapando entre os dedos.
É folha que segue ao sabor do vento.
Mas a solidão é vento também.
Vento que se espalha que se sente a qualquer minuto.
Vento que vem como fúria,
Ou uma brisa gostosa que beija o rosto.
Essa é a saudade que a solidão traz: uma coisa boa de sentir.
É como a renovação do ar.
Mas e a solidão?
A solidão isola, por si só e pelo seu significado.
A solidão corrói, de dentro para fora e de para dentro.
Mas basta apenas um raio de sol.
Desse sol presente no seu sorriso para que não exista mais nada.
Além de você e eu.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Samba de roda da felicidade

Hoje quero a alegria gigante de um carnaval.
A primeira fatia do bolo de aniversário,
E até aquela música chata de natal.
Hoje quero sentir o vento
E ouvir a música que vem das flores.
Dane-se o tempo, o trânsito, a quarta-feira e o futebol!
Quero sim sentar na grama, sentir a chuva, admirar o sol.
Hoje.
Hoje eu tô feliz!
Feliz na cor verde-passarinho.
Então me dá de presente um sorriso largo,
Sorvete de creme e um céu azulzinho.
Me traz felicidade.
Felicidade de ficar o dia inteiro de pijama,
De uma tarde entre amigas,
Daquela vontade incrível que dá de cantar.
Cantar a vida,
Cantar o dia.
Só por hoje:
Tira à tarde de folga e corre,
Vem comigo ver o mar,
Deita na areia, gargalha, começa a gritar.
Hoje.
Só por hoje eu quero seguir o que a música diz.
Eu quero ‘correr o mundo inteiro, pra tentar ser FELIZ!’

Curta – metragem


Amarelo e rosa.
Gosto de hortelã.
Na vitrola um compacto dos Beatles
com a última faixa arranhada.
O sol entra tímido pela janela
enquanto a brisa brinca com as cortinas da sala.
Da cozinha, cheirando bolo de laranja,
ela vem dançando “Love me do”  
com seu vestido branco e um buquê
de flores do campo nas mãos.
No quintal, os meninos tomam banho de mangueira
e as meninas dão risinhos tímidos enquanto tentam
fugir da água.
Um dia de sol, não muito quente, mas raro de acontecer
nos arredores da casa azul com porta branca,
jardim e caixa dos correios, verde na grama
e roupas listradas no varal.
O cachorro corre e o Ford vermelho 82
estaciona na garagem.
As crianças vêm aos pulos e ela aparece na varanda
trazendo um copo de limonada.
Ele tem listras na camisa, um sorriso no rosto
e pacotes nas mãos.
São livros e flores, gelatina de hortelã.
Abraços, um beijo na testa.
Vai trilha e sobem os créditos.