domingo, 20 de setembro de 2009

Poema

As linhas do caderno em branco.
O vazio branco do quintal da casa.
A casa onde você se faz ausente.
E é a ausência de notícias suas que me faz escrever.
E lhe escrevo, porque temo
encontrar o vazio quando voltar.
Pra essa casa que um dia também foi sua.
Porque o meu coração é casa e eu lhe dei a chave.
Coloca no trinco, vem ver o que tem depois da porta.
Invade, meu coração é seu.
E me promete, como tantas promessas que fizemos,
me promete que tudo será como antes.
Antes mesmo que um novo dia chegue.
Mas me diz que vai chegar a hora de abrir os olhos.
Ver que você ainda está aí a me esperar.
E eu espero que o tempo passe correndo,
para que eu voando aí possa chegar.
Para preencher todas as linhas desse caderno
com as nossas mais carinhosas palavras.

Desabafo

Hoje acordei com vontade de chorar.
Não por sonho ou tristeza.
Quis chorar de saudade.
Querendo acalmar meu coração
que só pensa em você,
chorei.
E só quando já não havia lágrimas em mim,
levantei.
Caminhei pela rua.
Mesmo sabendo que ela não me levaria aonde eu queria ir,
continuei porque senti vontade de sair.
Não por urgência ou necessidade.
Quis sair pra fugir.
Querendo correr,
pra acabar com a dor de saudade
e a tristeza que sinto
de mim sem você.

domingo, 2 de agosto de 2009

O tal 20 de julho

Amigo é casa.
É pier pra onde nosso barco quer voltar.
É domingo no parque.
Roda- gigante.
Amigo é bolo de chocolate.
É seu pedido de aniversário.
Amigo é presente, até mesmo na ausência.
Amigo do peito.
Braço direito.
Ah, não importa o braço, importante mesmo é o lado.
E amigo tá do lado certo: o lado de dentro.
Amigo é brisa, sol e Carnaval.
Amigo é pilar, é perdão.
Um diário com chave e cadeado.
Pré-estreia de cinema.
É ver um show do gargarejo.
Amigo é sentir a falta que o não ta perto faz.
É ser olho mágico da porta do mundo, olhando pelo outro.
Amigo é mala de tantas viagens, cheias de histórias pra contar.
É fotografia daqueles momentos.
Ouvidos quando precisamos falar.
Nossos olhos quando não podemos ver.
Amigo é quem nosso coração escolheu pra amar
e tornara a tarefa de viver mais fácil.
Amigo é data.
E a data é hoje.
Mas hoje é só mais uma data,
pra agradecer por ter tudo isso todos os outros dias.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Miragem

Preparei caneta e papel
decidida a escrever pra Você.
Busquei as melhores palavras
nesse meu vocabulário simples
pra lhe dizer coisas belas.
Quem sabe isso não vira uma canção!
Há uns anos tentei lhe escrever,
mas havia muito sentimento e poucas palavras.

Você que me entende
desde nosso primeiro esbarrão no meio da rua.
Você, das minhas ligações fora de hora
e das minhas mensagens de madrugada.
Você, que nem sei direito o que vê,
mas na sua voz as minhas palavras viram música.
Você, que me lê, me ama e me admira.

Certa vez lhe falei: "Perto de você, toda hora é por-do-sol"
Talvez não devesse ter dito.
Logo pra você, que nunca gostou do óbvio.
Eu tinha que ter entendido que deveria me complicar.

Mas Você não se importaria.
Não ligaria nem mesmo para seis meses de tpm,
ou se meu ascendente fosse em gêmios.

Porque Você sempre estaria lá.
Você sempre está.
Pra rir das minha piadas mais infames.
Pra deixar bilhetes pela casa.

Você que sabe que um beijo não me acorda
e que tenho frio nos pés.
Dia desses Você me deu uma manta com um cartão
que dizia: "pra aquecer também o coração".

Você, que sempre sabe o que dizer.
E por isso mesmo quase nunca fala.
Você, que me olha e piscando me diz,
com um sorriso de canto de boca,
que vai me fazer tão feliz.

Você que me abraça e me protege.
Que me faz querer fazer campanhas
ou qualquer coisa pra salvar o mundo.
Porque com Você, eu estou a salvo.

E salva lhe digo que essas e todas as minha palavras
são pra Você.
E ficarão guardadas até eu lhe conhecer,
pra dar sentido a todas elas.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Tchau

Essa é minha carta de despedida.
Adeus para uma vida velha.
Olá para uma nova vida.

Despedida de quem tem vontade de ir.
Despedida de quem quer muito ficar.

Um "tchau" é uma despedida breve,
de quem volta logo, de quem nunca
vai mesmo embora.

Uma despedida despretensiosa.
Desesperada.
Que desdenha da dor.

Saudade.
Que cultiva laços que não se destroem.
Isso faz pensar naquele sorriso de fotografia.
Na gargalhada, no som e gosto daquele dia ali
retratado.

É o que levo Comigo.
É o que deixo de mim.
Como uma parte, que é pra lembrar que nunca
parti de verdade.